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A matemática da máquina: o que os números do PED no Ceará realmente revelam

Por Israel França - Filiado e Militante do PT Brasil


Neste último domingo, a militância petista foi convocada para decidir os rumos do nosso partido. Em Fortaleza, exerci meu direito e meu dever, mas saí do local de votação com o gosto amargo de quem testemunha não uma festa da democracia, mas a demonstração de força de um aparato. Os números da apuração, agora públicos, não são apenas estatísticas; são a crônica de um partido cujo processo de escolha interna foi capturado por uma lógica que nada tem a ver com a nossa história de debates e disputas ideológicas.

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Os resultados em Fortaleza são um retrato fiel dessa captura. Para a presidência nacional, a candidatura do companheiro Valter Pomar, que representa a esquerda partidária e a defesa de um programa de ruptura, obteve apenas 206 votos. A chapa nacional alinhada a essa visão, "Em Tempos de Guerra, A Esperança é Vermelha", teve 175 votos. Em contraste, a máquina eleitoral, alinhada à direção estadual e municipal, operou com uma eficiência avassaladora. Antônio Conin teve uma votação na capital alencarina de 6.239, Antônio Carlos para presidente municipal com 6.088 votos e para Presidência Nacional Edinho Silva obteve 4.320 votos.


Não se trata de questionar a vitória, mas de analisar a sua natureza. Essa disparidade numérica não reflete um debate de ideias que convenceu a maioria. Ela reflete, como denunciamos e protocolamos em recurso oficial, o poder da máquina pública do Estado e da Prefeitura, o "inchaço" do partido com filiações em massa para a criação de currais eleitorais e a interferência de forças estranhas e hostis ao nosso projeto.


Vimos em Fortaleza, como denunciado, cabos eleitorais de partidos como o PL e o PP, notórios bolsonaristas, transportando "filiados" para votar em nosso PED. Isso não é democracia interna. É a contaminação do nosso processo pela velha política fisiológica que nascemos para combater.

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O que esses números nos dizem? Eles mostram que a militância orgânica, aquela que debate o programa e defende o partido por convicção, tornou-se minoritária dentro de seu próprio processo eleitoral. Fomos afogados por uma aritmética que não representa a alma do PT.


A vitória esmagadora das chapas ligadas à atual direção não é um sinal de força ideológica, mas da eficácia de um aparato. É a prova de que a estratégia da "frente ampla" a qualquer custo já não é apenas uma tática para as eleições gerais; ela se tornou o método para a disputa de poder interna, e seu custo é a nossa identidade.


O resultado deste PED no Ceará não é um case de sucesso. É um alerta vermelho. É a prova de que, se não tivermos a coragem de fazer uma profunda autocrítica, de depurar nossas fileiras e de retomar o controle do partido para as mãos da militância de verdade, corremos o risco de nos transformar naquilo que nascemos para destruir: mais um partido do sistema, sem ideologia, sem princípios e refém dos mesmos conchavos de sempre. A disputa não terminou no domingo. Ela apenas começou.

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