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A vaga ao Senado em 2026: uma análise estratégica e diretiva para o Partido dos Trabalhadores no Ceará

Atualizado: há 13 minutos

Por Israel França - Filiado e Militante do PT Brasil


Seção 1: O Tabuleiro Político do Ceará: Hegemonia, Vulnerabilidade e Tensões Internas

A decisão sobre a candidatura do Partido dos Trabalhadores (PT) ao Senado Federal em 2026 não será tomada em um vácuo político. Ela ocorrerá em um dos cenários mais complexos e dinâmicos da história recente do estado, um ambiente marcado por uma força institucional sem precedentes, mas também por fragilidades estruturais e profundas tensões internas. Compreender a arquitetura deste novo ecossistema de poder é um pré-requisito indispensável para uma deliberação estratégica que vise não apenas a vitória eleitoral, mas a consolidação de um projeto político de longo prazo.

Essa hegemonia local é massivamente amplificada por um alinhamento sistêmico e completo com o poder federal. A eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para a

Presidência da República e a subsequente nomeação de Camilo Santana para o estratégico Ministério da Educação criaram um eixo de poder contínuo e sinérgico que flui de Brasília para Fortaleza.1 Esta sinergia se materializa em ações de alto impacto e visibilidade, como o lançamento do Programa Nacional de Escolas de Tempo Integral, cuja cerimônia nacional, capitalizando a bem-sucedida experiência cearense, foi realizada no estado com a presença conjunta do Presidente, do Ministro e do Governador.1 Essa imagem de um governo unificado e eficaz, onde as políticas públicas são implementadas de forma coesa, representa o maior ativo político e administrativo do PT cearense na atualidade.*


1.2. A Arquitetura do Conflito: Como a Ruptura com o PDT Criou uma Oposição Nova e Unificada

É fundamental, contudo, reconhecer que esta posição de poder não nasceu de uma evolução orgânica e pacífica, mas sim de uma "ruptura abrupta" e de um conflito de alta intensidade.1 A vitória de 2022 foi consequência direta do colapso da longeva e bem-sucedida aliança de quase duas décadas com o Partido Democrático Trabalhista (PDT), liderado no estado pelos irmãos Ciro e Cid Gomes.1 A fratura desta parceria, que garantiu vitórias consecutivas ao governo estadual desde 2006, ocorreu sob o peso de uma divergência irreconciliável sobre a sucessão do então governador Camilo Santana. Enquanto o PT e Camilo defendiam a candidatura à reeleição de Izolda Cela, uma figura próxima aos petistas, a ala do PDT liderada por Ciro Gomes impôs o nome do ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio.1

Este conflito local foi catalisado e intensificado pela postura nacional de Ciro Gomes, cujos ataques contundentes a Lula tornaram a manutenção da aliança politicamente insustentável.1 A vitória do PT, nesse contexto, foi "reativa", impulsionada por uma forte mobilização contra o que foi percebido como uma traição e um desalinhamento com o sentimento majoritário do eleitorado progressista. A coesão demonstrada em 2022 foi, portanto, uma coesão de "tempos de guerra", cuja replicação em um cenário futuro, com variáveis distintas, não é garantida.1

Esta reconfiguração do poder criou uma nova dinâmica para a oposição. Se antes as críticas eram diluídas entre os membros da aliança governista, agora o PT se tornou o "alvo único e inequívoco" de todos os adversários.1 A principal vulnerabilidade explorada por esta oposição unificada é a área da segurança pública. Figuras como o senador Eduardo Girão (Novo-CE) já constroem uma narrativa de que o Ceará sofre petista, chegando a pedir uma intervenção federal.1 Esta linha de ataque é estrategicamente potente, pois mira uma preocupação primária da população e oferece uma pauta unificadora para um espectro diverso de opositores, da direita liberal à extrema-direita.1 Neste sistema mais polarizado, um erro estratégico grave, como a nomeação de um candidato com passivos éticos, seria uma arma poderosa entregue à oposição para atacar a legitimidade de todo o projeto petista.


1.3. A Alma do Partido: O Dilema Nacional e Local

A escolha para o Senado em 2026 transcende a política cearense, inserindo-se em um debate profundo sobre a identidade e o futuro do PT em nível nacional, especialmente com a aproximação do Processo de Eleições Diretas (PED) de 2025.1 Analistas e lideranças partidárias apontam para uma tensão central entre duas visões estratégicas:

1. Pragmatismo Institucional: Uma corrente majoritária que privilegia a governabilidade, a ocupação de espaços de poder e a construção de alianças pragmáticas, mesmo que ideologicamente contraditórias.1

2. Renovação Ideológica: Uma corrente que clama por um "retorno às bases", uma postura de maior enfrentamento ideológico e um foco na renovação de quadros e narrativas.1

Esta dicotomia nacional encontra um espelho fiel no Ceará. O deputado federal José Guimarães é a personificação do pragmatismo institucional. Como o grande "arquiteto da tese da 'frente ampla'", ele é o fiador de uma política de alianças que, na prática, tem gerado um "processo de descaracterização e esvaziamento ideológico do PT no Ceará".1 Por outro lado, a deputada federal Luizianne Lins emerge como a representante da mobilização popular e da base histórica do partido, defendendo um projeto mais alinhado com a identidade de esquerda do PT.

A militância sente o custo dessa estratégia pragmática de forma aguda. Alianças locais com clãs bolsonaristas em Nova Russas, o desrespeito à vontade de diretórios municipais em Canindé, e a recepção de adversários históricos em Aracati criam uma "dissonância cognitiva" que "adoece o partido" e desmoraliza a base. Portanto, a escolha do candidato ao Senado não é apenas uma decisão tática; é uma declaração sobre qual caminho o PT do Ceará pretende seguir: o da governabilidade a qualquer custo ou o da reafirmação de sua identidade política.

Seção 2: A Falha Estrutural de uma Candidatura: Avaliação de Risco Aprofundada de José Nobre Guimarães

Uma análise estratégica rigorosa exige uma avaliação isenta dos ativos e passivos de qualquer projeto político. No caso da postulação do deputado federal José Guimarães ao Senado, o balanço revela um desequilíbrio crítico. Seus ativos, embora relevantes na articulação política de Brasília, são ofuscados por um passivo de natureza estrutural e narrativa, cuja magnitude representa um risco sistêmico e potencialmente intransponível para as ambições do PT no Ceará em 2026.


2.1. Os Ativos (Prós): O Poder de um Articulador em Brasília

É inegável que José Guimarães possui atributos que o qualificam como uma figura de peso no cenário político nacional. Com múltiplos mandatos como deputado federal, ele acumulou vasta experiência no funcionamento do Legislativo e na complexa teia de poder da capital federal.1 Seu principal ativo é sua posição de alta influência como Líder do Governo Lula na Câmara dos Deputados.1 Este cargo não é meramente honorífico; ele confere a Guimarães um poder de articulação imenso, colocando-o no centro das negociações de todas as pautas de interesse do Palácio do Planalto e demonstrando um grau elevado de confiança por parte do presidente.

Adicionalmente, Guimarães tem utilizado sua posição para direcionar recursos federais para o Ceará através de emendas parlamentares, com foco em áreas como saúde e agricultura.1 Essa capacidade de alocação de recursos gera benefícios tangíveis para os municípios, fortalecendo suas bases políticas locais e construindo uma rede de apoio transacional com prefeitos.1 Sua ambição de disputar o Senado foi declarada de forma clara e direta às principais lideranças do partido — Lula, Camilo e Elmano —, o que denota sua capacidade de articulação interna e o apoio de figuras influentes da ala mais tradicional do partido, como José Dirceu.1 Contudo, é crucial analisar a natureza desse poder: ele é, em essência, institucional e prospera nos corredores do Congresso, mas sua conversão em apelo popular massivo, necessário para uma eleição majoritária, é altamente questionável.


2.2. O Passivo Intransponível (Contras): O Escândalo dos "Dólares na Cueca" como Arma Narrativa Permanente

O passivo que recai sobre a candidatura de José Guimarães é de uma ordem de grandeza distinta. Não se trata de uma vulnerabilidade política comum, mas de um estigma que se tornou um dos símbolos mais "icônicos e duradouros" dos escândalos de corrupção associados ao PT na memória coletiva do país.1 Em julho de 2005, em meio à crise do "Mensalão", seu assessor parlamentar, José Adalberto Vieira da Silva, foi preso no aeroporto de Congonhas com US$ 100 mil escondidos na cueca e outros R$ 209 mil em uma maleta.

As investigações do Ministério Público Federal apontaram que o dinheiro seria propina para facilitar a liberação de um financiamento multimilionário pelo Banco do Nordeste (BNB), instituição sobre a qual Guimarães, então deputado estadual, havia exercido influência na indicação de seu presidente.1 O caso gerou enorme repercussão midiática e se fixou no imaginário popular como um episódio grotesco e emblemático de corrupção, sendo constantemente revisitado pela mídia e adversários políticos.1 A natureza visualmente marcante e quase caricatural do evento o torna uma arma de comunicação política extremamente eficaz e de fácil recordação para o eleitorado.


2.3. A Catástrofe Política da Prescrição: Por Que "Escapou" é Pior do que "Absolvido"

O ponto nevrálgico, que transforma este passivo em um risco sistêmico, é o desfecho judicial do caso. Em 2022, a ação de improbidade administrativa contra José Guimarães foi extinta. A extinção, contudo, não se deu por uma absolvição que comprovasse sua inocência, mas sim pelo reconhecimento da prescrição — ou seja, pelo esgotamento do prazo que o Estado tinha para julgá-lo.

Do ponto de vista jurídico, o caso está encerrado. Do ponto de vista político e narrativo, essa resolução é um "desastre".1 A oposição não precisará de nuances para explorar o fato. A mensagem será simples, direta e devastadora: ele não foi inocentado, ele "escapou". Essa narrativa ressoa com o sentimento popular de repulsa à impunidade e mina qualquer tentativa de defesa baseada em tecnicalidades jurídicas.

A candidatura de Guimarães impõe ao partido e ao eleitorado uma imensa "Dívida Cognitiva".1 Em vez de debater propostas para a saúde, educação ou o futuro do Ceará, a campanha seria forçada a gastar tempo, energia e capital político para reexplicar e justificar um escândalo de duas décadas, cujo desfecho soa como impunidade para o cidadão comum. Este escândalo não é um problema pessoal de Guimarães; é uma vulnerabilidade sistêmica que "contamina todo o projeto do PT".

Ele permite que a oposição, com um único ataque, reative todas as narrativas anticorrupção, conectando o bem-sucedido governo do PT no Ceará aos episódios mais danosos da história do partido em nível nacional.


2.4. O Custo do Pragmatismo: Como as Alianças de Guimarães Desmoralizam a Militância

Além do passivo ético, a figura de Guimarães personifica uma estratégia política que gera profundo desgaste interno. Como o "maestro dessa orquestra de alianças pragmáticas", ele é visto pela militância como o principal responsável por um processo de "descaracterização" do PT no Ceará.1 As alianças com clãs bolsonaristas em Nova Russas ou com adversários históricos em Aracati são vistas como uma política de "poder pelo poder" que desmoraliza a base e confunde o eleitorado.1 Lançar sua candidatura ao Senado, a cadeira que representa a "alma de um estado", seria a coroação de um projeto que, para muitos militantes, "arrisca a alma do partido" em nome da governabilidade a qualquer custo.**

Seção 3: O Campo de Disputa: Uma Análise Estratégica Comparativa para o Senado

A decisão de vetar a candidatura de José Guimarães torna-se ainda mais imperativa quando se analisa o leque de alternativas disponíveis. O partido não está encurralado; existem outros nomes, tanto internos quanto de partidos aliados, que apresentam perfis de risco distintos e, em muitos casos, estrategicamente superiores. A análise comparativa a seguir mede cada potencial candidato contra a linha de base de alto risco estabelecida por Guimarães, demonstrando que existem caminhos mais seguros e promissores.


3.1. A Alternativa Interna: Luizianne Lins (PT)

● Prós: A deputada Luizianne Lins representa a antítese da candidatura Guimarães. Sua pré-candidatura, lançada pelo "Campo Esquerda" do PT, encarna um projeto de "renovação, força feminina, luta popular".1 Seu principal ativo é um histórico comprovado em disputas majoritárias, tendo sido prefeita de Fortaleza, a maior cidade do estado, por dois mandatos, o que demonstra sua alta capacidade de mobilização e apelo popular.1 Sua base de apoio é "bottom-up", enraizada nos movimentos sociais, na militância histórica do PT na capital e no eleitorado de esquerda e feminino.1 Crucialmente, sua narrativa é "propositiva", permitindo que a campanha se concentre no futuro, em vez de se defender do passado.1 Suas críticas históricas à aliança do PT com o clã Ferreira Gomes, que antes a isolavam, agora lhe conferem uma aura de presciência e coerência ideológica junto à base partidária.

● Contras: Seu principal passivo é de natureza ideológica: a percepção de ser um nome "mais à esquerda", o que poderia gerar resistência em setores de centro e no empresariado.1 Este é um desafio político, não ético.

● Veredito Comparativo: O risco associado a Luizianne é classificado como "MODERADO" e "gerenciável através de alianças e modulação de discurso".1 É um risco político, que pode ser mitigado com estratégia, em contraste gritante com o risco "CRÍTICO" e sistêmico de Guimarães. Ela oferece um caminho para reenergizar a base, alinhar-se com a ala do partido que clama por renovação e travar a batalha eleitoral em um terreno programático, não moral.


3.2. O Operador do Governo: Chagas Vieira (Aliado do PT)

● Prós: Chagas Vieira, atual Secretário-Chefe da Casa Civil, construiu um perfil de gestor altamente competente e articulador de confiança, sendo o "braço direito" dos governadores Camilo Santana e Elmano de Freitas.7 Sua reputação é de um profissional com visão estratégica, eficaz na execução e com excelente trânsito na máquina governamental.9 Sua candidatura sinalizaria continuidade e teria o apoio maciço da estrutura do governo estadual. Mais importante, possui um histórico público limpo, sem passivos éticos.

● Contras: Sua principal fraqueza é a total ausência de um mandato eletivo ou de uma base política própria. Ele é um técnico, um "homem de confiança", não um político com seguidores.7 Ele sequer é filiado a um partido político e já declarou

publicamente que uma candidatura não é seu "projeto pessoal", afirmando que "entrega nas mãos de Deus".3 Sua nomeação seria inevitavelmente vista como uma imposição de cima para baixo, sem lastro popular.

● Veredito Comparativo: Um perfil de baixo risco ético, mas de altíssimo risco eleitoral. É a escolha "segura" dos bastidores, mas sua viabilidade em uma eleição popular é uma incógnita completa. Embora mais seguro que Guimarães no quesito ético, é potencialmente muito mais fraco nas urnas.


3.3. O Aliado Tradicional: Eunício Oliveira (MDB)

● Prós: Eunício Oliveira é um político de peso, com uma carreira que inclui múltiplos mandatos como deputado federal, senador e a prestigiosa Presidência do Senado.14 Ele comanda a máquina do MDB no Ceará, partido que ocupa a vice-governadoria do estado.15 É um nome com forte recall e um histórico de votações expressivas, como sua eleição para o Senado em 2010 e seu retorno à Câmara em 2022 com 188.289 votos.14 Sua longa e pública rivalidade com Ciro Gomes o torna um aliado natural no cenário pós-ruptura.16 Ele já manifestou publicamente seu desejo de disputar o Senado em 2026.19

● Contras: Carrega uma bagagem política extremamente pesada para o eleitorado petista. Votou a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff e foi um aliado central do governo de Michel Temer, dois fatos que são anátemas para a base do PT.14 Seu nome foi citado em investigações da Operação Lava Jato, embora ele negue as acusações e os casos tenham sido remetidos para outras instâncias.14 Apoiar sua candidatura representaria o auge do pragmatismo, arriscando uma rebelião da ala esquerda do PT.

● Veredito Comparativo: Um aliado poderoso, mas ideologicamente tóxico. Oferece um caminho para uma coalizão ampla e forte, mas ao custo de alienar a identidade e a base do PT. Seu passivo narrativo é menor que o de Guimarães (seus escândalos são menos "icônicos"), mas a contradição ideológica é muito maior.


3.4. O Aliado de Alto Risco: Junior Mano (PSB)

● Prós: É um deputado federal reeleito em 2022 com uma votação significativa de

216.531 votos 21 e atualmente pertence a um partido da base aliada, o PSB.22 Seus atributos positivos terminam aqui.

● Contras: Junior Mano é alvo de múltiplas e graves investigações federais. A Polícia Federal o aponta como tendo "papel central" em uma organização criminosa investigada por desvio de emendas parlamentares, lavagem de dinheiro, compra de votos em 51 municípios e supostas ligações com a facção Guardiões do Estado (GDE).23 A investigação, que envolve seu aliado e prefeito foragido 'Bebeto do Choró', detalha um esquema complexo com empresas de fachada e movimentação de grandes quantias em espécie.25 Além disso, ele já foi denunciado pelo Ministério Público do Ceará por irregularidades em contratos de licitação em Nova Russas antes de seu mandato federal.27

● Veredito Comparativo: Radioativo. Seus passivos não são questões históricas ou nuances éticas; são investigações criminais ativas, graves e de larga escala. Uma aliança com Junior Mano seria politicamente suicida, entregando à oposição uma narrativa irrefutável de um governo aliado ao crime. Em comparação, ele faz a candidatura de Guimarães parecer uma opção de baixo risco.


3.5. O Aliado de Centro-Direita: Chiquinho Feitosa (Republicanos)

● Prós: Um político e empresário experiente, com passagens pela Câmara Federal e pelo Senado como suplente.29 Como presidente estadual do Republicanos, tem demonstrado habilidade política ao expandir o partido, elegendo 14 prefeitos.31 Crucialmente, ele constrói essa força em alinhamento explícito com o governo do PT, com o governador Elmano e a vice Jade Romero prestigiando eventos do seu partido, sinalizando uma parceria estratégica.32

● Contras: O Republicanos, em nível nacional, é um partido fortemente identificado com a direita evangélica e o bolsonarismo. Apoiar um nome do partido para o Senado seria uma concessão ideológica gigantesca, extremamente difícil de justificar para a base petista. Seu histórico de trocas partidárias (DEM, PSDB, Republicanos) sugere um perfil mais pragmático do que programático.29 Sua candidatura a deputado federal em 2022 foi registrada como "inapta", levantando dúvidas sobre sua força eleitoral individual.37

● Veredito Comparativo: Uma aposta calculada, mas de altíssimo risco ideológico. Oferece a possibilidade de cimentar uma nova e poderosa aliança de centro-direita na coalizão governista, mas ao custo provável de uma rebelião interna no PT por questões de princípio.


3.6. O Aliado do Setor Empresarial: Luiz Gastão (PSD)

● Prós: Luiz Gastão é uma liderança poderosa e respeitada no setor empresarial, como presidente da Federação do Comércio (Fecomércio) do Ceará.38 Foi eleito deputado federal em 2022 com uma votação sólida de 96.537 votos, distribuída em 182 municípios.40 Possui forte penetração no setor católico conservador, sendo o presidente da Frente Parlamentar Católica na Câmara.42 Uma aliança com ele seria um sinal potente para os setores empresarial e conservador.

● Contras: Sua plataforma política é fundamentalmente de centro-direita: defesa da livre iniciativa, pautas de costumes como "defesa da família" e da vida, e foco em temas econômicos liberais.38 Isso cria um abismo ideológico significativo com a plataforma e a base do PT.

● Veredito Comparativo: Representa um alongamento ideológico ainda maior que o de Chiquinho Feitosa. Embora seja um candidato sem passivos éticos e com uma base de apoio valiosa, o fosso programático e de valores é tão vasto que tornaria a aliança incoerente e provavelmente instável. É um bom nome, mas para outro projeto político.


Seção 4: Síntese Estratégica e Diretiva Final

A análise sistêmica da conjuntura política cearense, das dinâmicas internas do Partido dos Trabalhadores e dos perfis dos pré-candidatos ao Senado converge para uma conclusão inelutável. A nomeação do deputado federal José Nobre Guimarães para a disputa senatorial de 2026 representaria um erro estratégico de graves proporções, um risco sistêmico que o partido não deve, sob nenhuma hipótese, assumir. A existência de alternativas viáveis e estrategicamente superiores torna essa escolha não apenas arriscada, mas injustificável.


4.1. O Caminho para a Vitória em 2026: Minimizar Risco, Energizar a Base e Projetar o Futuro

A consolidação da hegemonia conquistada em 2022 exige uma estratégia para 2026 que seja ao mesmo tempo resiliente e propositiva. A vitória não será uma repetição automática do pleito anterior; ela dependerá da capacidade do partido de navegar em um cenário de oposição unificada e de desgaste natural da gestão. Para isso, a escolha do candidato ao Senado deve seguir três imperativos estratégicos fundamentais:

1. Minimizar Vulnerabilidades: A prioridade máxima deve ser a seleção de um candidato sem passivos éticos ou narrativos que possam ser facilmente explorados pela oposição. A campanha deve evitar armadilhas autoimpostas que forcem uma postura defensiva.

2. Energizar a Base: A escolha deve recair sobre uma liderança capaz de inspirar e mobilizar a militância e os simpatizantes. A energia das bases será crucial para enfrentar uma oposição agressiva e para levar a mensagem do governo a todo o estado.

3. Projetar o Futuro: A campanha deve ser uma plataforma para apresentar uma agenda positiva e voltada para o futuro, que dialogue com os anseios do povo cearense, em vez de ficar aprisionada na defesa de episódios do passado.


4.2. O Imperativo da Rejeição: Uma Conclusão Definitiva para Vetar a Candidatura Guimarães

A candidatura de José Guimarães falha em atender a todos os três imperativos estratégicos. Longe de minimizar vulnerabilidades, ela as maximiza, trazendo para o centro do debate um escândalo de corrupção icônico e com um desfecho judicial politicamente desastroso.1 Em vez de energizar a base, sua figura, associada a um pragmatismo que inclui alianças com a direita, arrisca a desmoralização e a apatia da militância.1 E, finalmente, em vez de projetar o futuro, sua nomeação forçaria o partido a uma campanha reativa, defensiva e permanentemente presa a um passado que precisa ser superado, não revivido.

Lançar a candidatura Guimarães seria um erro estratégico não forçado da mais alta magnitude. Seria um ato que prioriza os arranjos de poder internos em detrimento da saúde eleitoral e da resiliência de todo o projeto político do PT no Ceará. Trata-se de um risco evitável, desnecessário e, portanto, inaceitável.


4.3. Diretiva para a Ação: Arquitetar uma Chapa Resiliente e Propositiva

Diante do exposto, a diretiva estratégica para a direção do Partido dos Trabalhadores no Ceará deve ser clara, firme e inequívoca: vetar a candidatura de José Guimarães ao Senado Federal.

A tarefa do partido para 2026 é arquitetar uma chapa majoritária que seja estrategicamente desenhada para consolidar a hegemonia conquistada e projetar o partido para o futuro. Isso exige que a liderança política demonstre a coragem de tomar decisões difíceis, mas necessárias. A construção de um futuro sólido para o PT no Ceará passa, indeclinavelmente, pela decisão de descartar projetos com falhas estruturais, independentemente da influência ou do histórico de seus proponentes.

A vaga ao Senado é um ativo estratégico valioso demais para ser colocado em risco por um erro evitável. O partido deve, portanto, pivotar para um processo de seleção que priorize os imperativos de baixo risco, alta energia e projeção de futuro, considerando seriamente as alternativas internas que renovam o partido ou as alianças externas que o fortalecem sem comprometer sua alma.


Trabalhos citados

1. Arquitetura de uma Decisão Estratégica: Análise Crítica da Vaga ao Senado do PT-Ceará para 2026 e o Risco Sistêmico da Candidatura Guimarães

2. Júnior Mano - PSB 40, acesso a julho 7, 2025, https://psb40.org.br/filiados/antonio-luiz-rodrigues-mano-junior/

3. "RESOLVER SEGURANÇA NÃO É UM PASSE DE MÁGICA", DIZ ..., acesso a julho 7, 2025, https://www.youtube.com/watch?v=qAqdcZiCcz0

4. Ação contra deputado federal José Guimarães (02/07/12) - YouTube, acesso a julho 7, 2025, https://www.youtube.com/watch?v=7fYScbSbTvg

5. José Guimarães, o inventor da “cueca-cofre” é denunciado pela ..., acesso a julho 7, 2025, https://www.youtube.com/watch?v=Lotq83hezMI

6. LUIZIANNE LINS: QUEM SÃO OS INIMIGOS E ALIADOS DO PT? - 20 Minutos Entrevista, acesso a julho 7, 2025, https://www.youtube.com/watch?v=GsPBUzCFjak

7. As Cunhãs Entrevistam Chagas Vieira: bastidores do poder e a estratégia do "bateu levou", acesso a julho 7, 2025, https://www.youtube.com/watch?v=ijr1DPFmpII

8. Jornalista Chagas Vieira, homem de confiança do Ministro Camilo Santana, volta ao Palácio da Abolição agora como secretário-chefe da Casa Civil do Governo Elmano - The Ceara Times, acesso a julho 7, 2025, https://thecearatimes.com.br/politica/jornalista-chagas-vieira-homem-de-confianca-do-ministro-camilo-santana-volta-ao-palacio-da-abolicao-agora-como-secretario-chefe-da-casa-civil-do-governo-elmano/

9. Perfil | Da comunicação à gestão pública: um olhar holístico sobre o Ceará com Chagas Vieira - Nosso Meio, acesso a julho 7, 2025, https://nossomeio.com.br/perfil-da-comunicacao-a-gestao-publica-um-olhar-holistico-sobre-o-ceara-com-chagas-vieira/

10. Chagas Vieira é a renovação política, um influente gestor com grandes entregas, acesso a julho 7, 2025, https://www.opiniaoce.com.br/chagas-vieira-e-a-renovacao-politica-um-influent

e-gestor-com-grandes-entregas/

11. Quem é quem - Casa Civil do Governo do Estado do Ceará, acesso a julho 7, 2025, https://www.casacivil.ce.gov.br/institucional/quem-e-quem/

12. URBCAST #41 - Chagas Vieira - YouTube, acesso a julho 7, 2025, https://www.youtube.com/watch?v=u9kRTM65IrA

13. Chagas Vieira: “Eu não posso dizer que não sou pré-candidato ao Senado Federal”, acesso a julho 7, 2025, https://www.opiniaoce.com.br/chagas-vieira-eu-nao-posso-dizer-que-nao-sou-pre-candidato-ao-senado-federal/

14. Eunício Oliveira – Wikipédia, a enciclopédia livre, acesso a julho 7, 2025, https://pt.wikipedia.org/wiki/Eun%C3%ADcio_Oliveira

15. AO VIVO | Entrevista com Eunício Oliveira, presidente do MDB Ceará - YouTube, acesso a julho 7, 2025, https://www.youtube.com/watch?v=f16J4aGp1Jw

16. Jornal O POVO SUCESSÃO 05/06/2014 Eunício diz que não vai "morder isca" de Ciro Gomes Pré-candidato ao governo, peemedebista afirmou, em resposta ao irmão do governador Cid e secretário da Saúde, que prefere debater com a sociedade. "Quem escuta m - Câmara Municipal de Guaramiranga, acesso a julho 7, 2025, https://camaraguaramiranga.ce.gov.br/informa/65/jornal-o-povo-sucess-o-05-06-2014-eunicio-diz-que-nao-vai-morder-isca-de-ciro-gomes-pre-candidato-ao

17. 'Ciro era o porta-voz da maldade' nas eleições de 2014, diz Eunício Oliveira - YouTube, acesso a julho 7, 2025, https://www.youtube.com/watch?v=e1TEm_KDH08

18. Eunício compra em leilão apartamento de Ciro Gomes: "Arrematei de sacanagem", acesso a julho 7, 2025, https://www.poder360.com.br/brasil/eunicio-compra-em-leilao-apartamento-de-ciro-gomes-arrematei-de-sacanagem/

19. Eunício Oliveira planeja disputar vaga no Senado em 2026: 'deve ser minha última eleição', acesso a julho 7, 2025, https://www.youtube.com/watch?v=ranhVx9v6Kk

20. 2ª Turma arquiva inquérito contra ex-senador Eunício Oliveira por ausência de provas - Supremo Tribunal Federal, acesso a julho 7, 2025, https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=457280&ori=1

21. Deputado Federal Júnior Mano - Portal da Câmara dos Deputados, acesso a julho 7, 2025, https://www.camara.leg.br/deputados/204550

22. Júnior Mano – Wikipédia, a enciclopédia livre, acesso a julho 7, 2025, https://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%BAnior_Mano

23. Não colou: Gilmar não vê 'pescaria' em investigação contra deputado do Ceará - VEJA, acesso a julho 7, 2025, https://veja.abril.com.br/politica/nao-colou-gilmar-nao-ve-pescaria-em-investigacao-contra-deputado-do-ceara/

24. PF vê 'papel central' de deputado Júnior Mano em esquema de emendas e compra de votos, acesso a julho 7, 2025, https://www.youtube.com/watch?v=GI1Io7L5Lu4

25. Desvio de emendas no CE: vigia que ganha R$ 2,4 mil abriu ..., acesso a julho 7, 2025,

27. Justiça recebe denúncia do MPCE contra deputado federal e ex-secretário de Nova Russas, acesso a julho 7, 2025, https://mpce.mp.br/2020/04/justica-recebe-denuncia-do-mpce-contra-deputado-federal-e-ex-secretario-de-nova-russas/

28. MPCE denuncia deputado federal e ex-secretário de Nova Russas por crimes contra a Administração Pública, acesso a julho 7, 2025, https://mpce.mp.br/2020/03/mpce-denuncia-deputado-federal-e-ex-secretario-de-nova-russas-por-crimes-contra-a-administracao-publica/

29. Chiquinho Feitosa é empossado no Senado, acesso a julho 7, 2025, https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2021/11/03/chiquinho-feitosa-e-empossado-no-senado

30. Chiquinho Feitosa | Republicanos10, acesso a julho 7, 2025, https://republicanos10.org.br/quem_e_quem/chiquinho-feitosa/

31. Chiquinho Feitosa cresce o 'Republicanos' no Ceará e se consolida ..., acesso a julho 7, 2025, https://www.revistaceara.com.br/chiquinho-feitosa-cresce-o-republicanos-no-ceara-e-se-consolida-como-candidato-ao-senado-federal/

32. Chiquinho Feitosa lidera grande força política no Ceará e se lança ao Senado Federal, acesso a julho 7, 2025, https://www.opiniaoce.com.br/chiquinho-feitosa-lidera-grande-forca-politica-no-ceara-e-se-lanca-ao-senado-federal/

33. Republicanos defende Evandro Leitão como pré-candidato do PT ..., acesso a julho 7, 2025, https://www.youtube.com/watch?v=zH5Poxx2SZ4

34. AO VIVO | Entrevista com Chiquinho Feitosa, presidente do Republicanos - YouTube, acesso a julho 7, 2025, https://www.youtube.com/watch?v=uj1vx0jydqk

35. Chiquinho Feitosa 4599 - Candidato a deputado federal do CE pelo PSDB | Eleições 2022, acesso a julho 7, 2025, https://ndmais.com.br/eleicoes-2022/candidatos/ce/deputado-federal/4599-chiquinho-feitosa/

36. Chiquinho Feitosa é o novo presidente do Republicanos Ceará, acesso a julho 7, 2025, https://republicanos10.org.br/estadual/chiquinho-feitosa-e-o-novo-presidente-do-republicanos-ceara/

37. Candidato Chiquinho Feitosa | Eleições 2022 - Estadão, acesso a julho 7, 2025, https://www.estadao.com.br/politica/eleicoes/2022/candidatos/ce/ceara/deputado-federal/chiquinho-feitosa/4599/

38. Presidência - Fecomércio Ceará, acesso a julho 7, 2025, https://www.fecomercio-ce.com.br/presidencia/

39. LUIZ GASTÃO BITTENCOURT DA SILVA - Ranking dos Políticos, acesso a julho 7, 2025, https://www.politicos.org.br/Parlamentar/luiz-gastao-bittencourt-da-silva

40. Luiz Gastão - PSD - Câmara dos Deputados, acesso a julho 7, 2025, https://psdcamara.org.br/quem-e-quem/luiz-gastao/

41. Luiz Gastão – Wikipédia, a enciclopédia livre, acesso a julho 7, 2025, https://pt.wikipedia.org/wiki/Luiz_Gast%C3%A3o

42. Líder católico na Câmara defende fé na política e rejeita rótulo progressista a Papa - JOTA, acesso a julho 7, 2025, https://www.jota.info/legislativo/lider-catolico-na-camara-defende-fe-na-politica-e-rejeita-rotulo-progressista-a-papa

43. Luiz Gastão presidirá Frente Parlamentar Católica - PSD - Partido ..., acesso a julho 7, 2025, https://psd.org.br/noticias/luiz-gastao-presidira-frente-parlamentar-catolica/

44. Luiz Gastão detalha as prioridades da Frente Parlamentar Católica - TV Câmara, acesso a julho 7, 2025, https://www.camara.leg.br/tv/1134863-luiz-gastao-detalha-as-prioridades-da-frente-parlamentar-catolica/

45. Luiz Gastão: ano de conquistas e desafios no Congresso, acesso a julho 7, 2025, https://economicnewsbrasil.com.br/2023/12/31/luiz-gastao-ano-de-conquistas-e-desafios-no-congresso/

 
 
 

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