De nada, Brasil!
- Sara Goes
- 31 de out. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 9 de nov. de 2024

Eu tenho escrito muitas coisas que nunca publico, algumas por bom senso, outras por timidez, e a maioria por excesso de autocrítica. Na verdade, só comecei a publicar depois do falecimento da Nathalia Urban, porque senti que precisava me despedir de alguma forma. Este texto, em particular, me deixou um tanto macambúzia, talvez pela fama megalomaníaca dos alencarinos, somada ao fato de ter sido chamada de abusada por um telenauta que não gostou do meu tom de leitura. E, convenhamos, ele não estava totalmente errado. No meio dessa dúvida, recebi do professor Manuel Domingos um texto cujo título parecia uma resposta ao meu. Danou-se, me senti autorizada a publicar:
A vitória de Evandro Leitão (PT) em Fortaleza não é apenas uma conquista local, mas um marco decisivo para o PT no Brasil. Desde 2016, o partido não elegia um prefeito em uma capital. Naquele ano, Marcos Alexandre venceu em Rio Branco, no Acre. Já em 2020, o PT enfrentou uma derrota inédita: pela primeira vez, desde sua fundação, não conseguiu conquistar nenhuma capital. Esse revés foi um golpe duro, especialmente para um partido que começou sua trajetória em capitais com a vitória histórica de Maria Luiza em Fortaleza, em 1985. E aí vai uma efeméride daquelas que me fazem ser chamada de abusada: Minha mãe me deu à luz em 1985 e no ano seguinte foi secretária de Maria Luiza. Nos finais de semana a filha da então prefeita me usava de boneca para brincar enquanto as rádios da cidade diziam ela estava em um internato milionário da Suíça. Obviamente eu não lembro, as tenho uma vaga lembrança de ouvir “o PT acabou”.
Você pode não lembrar com exatidão de 2020, mas certamente lembra da sensação de frustração que dominou o partido nas análises infinitas e nos milhares de dedos apontados contra nós... pela própria esquerda. O youtube começava a se firmar com um espaço para o jornalismo progressistas e alguns

blogs anunciavam a extrema-unção do Partido dos Trabalhadores. A pressão interna foi enorme, com críticas e questionamentos que ecoavam não apenas no partido, mas em todos os seus círculos de apoio. Agora, avalie o que teria acontecido se o PT chegasse a 2026, com Lula na presidência, mas sem uma prefeitura sequer em uma capital. O cenário seria extremamente delicado, e a fragilidade do partido estaria exposta, prejudicando suas chances e a confiança dos aliados.
Além de vencer, é essencial parecer forte, passar a imagem de controle, especialmente em um contexto de alianças complexas com partidos que se alimentam da percepção de poder. A vitória em Fortaleza não é apenas simbólica por ser a maior capital do Nordeste, mas é crucial para reforçar a imagem de que o PT ainda tem influência nas grandes cidades brasileiras. É uma mensagem importante para aliados ambiciosos que, em tempos de incerteza, podem se distanciar de um partido que demonstra fraqueza.
Fortaleza entregou ao PT mais do que uma prefeitura. Deu ao partido uma chance de reafirmar sua força, de mostrar que ainda tem controle sobre o cenário político das grandes cidades, evitando um colapso estratégico que poderia ter consequências devastadoras para 2026.
Já agradeceu Fortaleza hoje?
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